Crise e Crítica

Crise e Crítica Latino-Americana

Chamada para envio de artigos 2025/1

ISSN: 2311-5475 (digital)

Dossiê "O local e o global no capitalismo contemporâneo"

      A partir dos anos 1960-70, teorias marxistas tradicionais tiveram sua legitimidade e hegemonia questionada por diversos movimentos teóricos nascentes: se, por um lado, maio de 68 tem como pano de fundo o esgotamento da gramática marxista nos diversos meios institucionais, por outro, movimentos de independência anticoloniais e desenvolvimentistas varreram o até então chamado “terceiro mundo”. Esses pontos de divergência não apenas chamavam a atenção para questões até então secundárias para o marxismo (como problemas como raça e gênero), mas também colocavam em primeiro plano problemas de ordem espacial e geopolítica internas ao sistema – comprovando, nesse sentido, a heterogeneidade do capitalismo. Enquanto sistema global, o capitalismo apresenta discrepâncias espaço-temporais que se traduzem em diferenciações entre o que ocorre nos centros e nas suas periferias ou margens. Esse modo de organização sui generis é perceptível à luz de teorias como as dos sistemas-mundo, da dependência e teorias que debatem o passado colonial ou imperialista do capitalismo. Entretanto, a natureza heterogênea do sistema capitalista reconfigura não apenas o espaço social em que estamos inseridos, mas também a nossa capacidade de o representar. Nesse sentido, o capitalismo avançado (ou tardio, dependendo do referencial teórico que se use), é marcado pela coexistência de diversas realidades fragmentárias e descontínuas – perfazendo um sistema multidimensional –, diferenciações e descentramentos que, por sua vez, determinam nossa vida social e a percepção que temos da mesma. Assim, parafraseando Frederic Jameson em seu texto Mapeamento Cognitivo, trata-se da diferença lacunar existente entre a posição local do indivíduo e a totalidade das relações capitalistas que perfazem a unidade desse sistema no qual todos nós nos situamos.

      Nesse sentido, como compreender os efeitos e o funcionamento do capitalismo em um enquadramento local e regional, sem perder de vista que se trata de um sistema com alcance global e que teria espraiado sua lógica de acumulação e valor para todos os cantos do mundo?  E de que modo o capitalismo se apresenta diversamente, tanto em uma perspectiva “pequena” quanto “grande”, ou seja, entre o local e o global?  O objetivo desse número é agrupar contribuições que abordem essa relação de descontinuidade ou heterogeneidade do capital, que diferentemente se apresenta e se articula sob o ponto de vista espaço-temporal, instaurando desigualdades no eixo local-global. Os efeitos imediatos dessa relação axial é tanto a fundação de um plano social multidimensional, quanto uma organização articulada entre áreas marginais e áreas centrais. Convidamos, desse modo, autores de filosofia, ciências sociais e humanidades em geral que submetam trabalhos que abordem a relação local-global do capitalismo. Assim, buscamos estimular abordagens multidisciplinares e não-tradicionais, que estejam de acordo com nossa linha editorial e sigam nossas normas de publicação.  O prazo final para a submissão é até 24 de janeiro de 2025.

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