A filosofia sempre demonstrou uma relação ao mesmo tempo ambígua e inseparável com a ciência. Dentro de um contexto pré-moderno, a ciência se definia apenas enquanto saber que, embora mantendo um necessário vínculo com conhecimento e verdade, ainda não estava amparada em critérios objetivos e metodologias específicas, tampouco a uma divisão interna de organização disciplinar. Com as revoluções científicas do século XVII e XVIII, o status da ciência se modifica: ganhando uma certa independência da filosofia, as várias vertentes científicas adquirem uma certa autonomia do discurso filosófico, se especializando e delimitando seus próprios domínios práticos. Durante os próximos dois séculos, a produção científica passa a delimitar critérios epistemológicos e metodológicos, estabelecendo padrões científicos, modos de mensuração e métodos de análise – cujo ápice histórico pode ser evidenciado pelo positivismo científico. Mas então, de que modo a filosofia se relaciona com a ciência? Sendo ainda um saber (que ainda mantém uma orientação de valores como verdade e objetividade), seria a filosofia uma ciência, embora particular e não necessariamente obedecendo aos duros critérios científicos? E desse modo, se podemos falar de uma teoria geral da ciência, então onde a filosofia entraria? Ela manteria um lugar dentro do sistema da ciência ou seria excluída de seu interior?
Tais relações se tornam ainda mais complexas na medida em que a própria ciência se torna alvo de um criticismo, principalmente no que concerne os parâmetros científicos auto-estabelecidos – crítica essa que, inclusive foi reforçada pela filosofia contemporânea. Seja a partir de uma atribuição taxativa de que a ciência não consegue refletir criticamente sobre seus próprios pressupostos, seja pela ideia de que ela se torna cega em sua orientação de objetividade e imparcialidade, encontramos mais uma vez uma intersecção entre filosofia e ciência. E não só entre essas duas disciplinas, ao contrário, outros saberes e práticas se juntam na discussão de tais problemas tais como a psicanálise, estética e religião.
O objetivo desse número é justamente divulgar contribuições que abordem a relação conflituosa entre filosofia e ciência, assim como outros campos que alimentam e abordam tais problemáticas. Convidamos, assim, os autores interessados para a submissão de artigos que estejam de acordo com nossa linha editorial e seguindo nossas normas de publicação. Aceitamos não apenas artigos que se voltam para a discussão entre ciência e filosofia, mas também que tragam colaborações entre outros âmbitos teóricos citados acima. O prazo final para a submissão é até 30/04/2023.
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